Em 1978, Myriam Brindeiro conquistou o primeiro lugar no concurso “Uma Canção para Olinda” , com composição Ladeiras de Olinda, letra e música de sua autoria, que se tornaram tradição do Carnaval Pernambucano.
Ladeiras de Olinda –
A Alberto, meu marido
Eu quero morrer aqui,
Nessas ladeiras qu’eu sempre subi!
Fazer o passo atrás de Lenhadores,
Ver maracatus e bumbas meu boi.
Os papagaios contemplando a Sé.
Circo Nerino, jogo de botão
Fugir de casa para serenatas,
Banhos na bica, cuscuz e passeatas
Jogar pelada junto do Fortim,
Bonde de Olinda, tenha pena de mim!
A ventania perto do Seminário,
A rua estreita quase sem iluminação,
Subterrâneos talvez imaginários,
Ribeira dos escravos na solidão!
Eu quero morrer aqui,
Nessas ladeiras qu’eu sempre subi!
Ver mamulengos quase improvisados,
Homem da eia Noite andando na escuridão,
Farolito, retretas, no Carmo, a alegria,
Toinho das Moças atendendo no balcão
A liberdade agora conquistada,
O grito de Bernardo soando na imensidão,
Pitombeiras e Elefante de braços dados,
E eu, no meu delírio, chorando na multidão!
Eu quero morrer aqui,
Nessas ladeiras qu’eu sempre subi!
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Ladeiras de Olinda, primeiro lugar no concurso “Uma Canção para Olinda” em 1978
Letra e partitura publicadas no livro Clave Provisória. Recife: Edições Pirata, 1983, 2 ed.